Nina e Zé, um casal comum como o de qualquer outro bairro da periferia de São Paulo (e porque não do Brasil e do mundo) estão sem dinheiro, com aluguel atrasado, pouca comida e sem emprego. Mas se amam. Tentam a todo custo fazer desse sentimento uma razão para continuar na luta diária. Mas o jogo é duro.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Nossa história



O Zé é o homem que escolhi pra viver.
Que faz meu coração bater mais forte, meu companheiro, meu amor.
Ele tem um bom coração, mas tanta coisa ruim anda nos acontecendo que ele está quase se entregando, mas não vou deixar isso acontecer, sou sua mulher, estarei com ele para o que der e vier.
Ele ama futebol, o Timão então, nem se fala, vive jogando bola com a molecada da rua.
Confesso que tenho até um pouco de ciúmes, mas é bem pouquinho .
Quando namorávamos ele corria pro campo aos domingos e eu que ficasse esperando, e esperava, era louca por ele.
Minha mãe não deixava a gente namorar direito, viuva e religiosa, morria de medo da filha se desviar do caminho.
Então eu e o Zé resolvemos nos casar.
Nosso casamento foi lindo, usei o vestido que minha mãe se casou, claro que dei uma modificada nele, usando meus dotes de costureira, com a ajuda da minha irmã pregamos pedrarias e rendas, deixamos ele ainda mais bonito.
O Zé estava um charme, vestido de paletó cinza, que eu ajudei a escolher, e finalmente com o cabelo penteado.
Acredita que ele queria usar a camisa do Timão por baixo do paletó?
Zé, meu Zé, não muda.
Estávamos os dois muito nervosos, mas muitíssimo felizes.
Foi uma cerimônia simples, a familia ajudou muito.
Foi uma festa intima, só alguns convidados, amigos e familiares.
Alugamos uma casinha pra começar nossa vida juntos.
O Zé estava trabalhando e eu costurando e cuidando do nosso lar.
Porém a parte que o padre diz quando faz a cerimônia do casamento: na alegria e na tristeza, chegou em nossa vida, o Zé foi demitido e tivemos que apertar o cinto e colocar nossos planos de lado.
Não há um dia em que ele não se bata por essa Selva de Pedras buscando um emprego, mas o meu Zé não pode terminar os estudos e isso cada vez mais o impede de arrumar algo bom.
Mas tenho fé que Deus há de ajudar a gente, ele é grande e escreve certo por linha tortas.
E a vida vai seguindo, o Zé ainda não arrumou um emprego, eu continuo a costurar, as contas estão atrasadas, mas nosso amor um pelo outro continua e é isso que importa, que nos dá força para levantar da cama e viver mais um dia com um prato de arroz, feijão e ovo no almoço, pra janta, bom, pra janta, vamos ver o que conseguimos......
E mesmo com todas as dificuldades, seu maior sonho é me dar um TV para que eu possa ver minha novela..... 

Tem como não amar um homem desse?

Nina (Vanessa Alves)

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