É comum nos dias de hoje nos depararmos com montagens em espaços alternativos. Não somente pela falta de espaços mais apropriados às montagens de teatro provocativo, mas também porque é preciso ocupar novos lugares e transformar, com as ferramentas que a arte nos dá, as estruturas físicas e consolidadas nos grandes centros urbanos.
Portanto foi escolha fazer as “Máquinas” em uma casa. Mudar a rotina interna de uma residência e poder se apoderar de seus barulhinhos, cheiros característicos, cômodos, banheiros e quintais é uma tarefa prazerosa, instigante e principalmente rica na troca com a platéia. É teatro fora do teatro.
A vivência para a platéia já acontece no trânsito até o lugar da apresentação; força a entrar em ruas desconhecidas, viver aquela vida específica de um bairro, de uma rua que não visitaria se não fosse pela proposta de ver (e talvez passar) por uma experiência artística e humana.
Com essa possibilidade, ao invés de limitarmos nossa capacidade de apresentações, ampliamos para todas as casas que estiverem dispostas a ver uma história simples e comum a todos que já moraram em bairros afastados das grandes e pequenas cidades.
Nina e Zé são personagens que não tem medo de se mostrar em suas intimidades, suas coisinhas e problemas. Querem que todos saibam que essa euforia de um Brasil que elevou seu poder de consumo, esquece que ainda há milhões com necessidades básicas a serem supridas e que estão desestruturando seus sonhos e seus amores.
O capital ainda manda e desmanda.O ter nunca foi tão importante. Quem não tem, não pode ser nada.
Plínio Marcos infelizmente ainda tem razão.
Mas Nina e Zé ainda persistem. Milhões deles.
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